Um router à chuva

Wavlink AC600
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A Cristina quando quer uma coisa sabe ser persuasiva e por isso não é de admirar as queixinhas constantes pelo facto de no jardim não conseguir ter acesso à rede WI-FI da casa. Com pena dos meus tímpanos, perdi amor ao dinheiro e lá adquiri um router para colocar no exterior da casa. Um dos requisitos era poder ficar à chuva e o outro era possuir os 5GHz porque a banda dos 2.4GHz começa a ficar saturada com os inúmeros  APs (Access Points) da vizinhança.

A maioria dos operadores portugueses como a NOS e a MEO fornecem os seus routers com WI-FI para que os seus clientes possam confortavelmente aceder à internet sem os obsoletos cabos UTP. E embora o serviço prometa cobrir uma vasta área, para quem mora em casas grandes isto pode ser um pequeno grande problema porque nenhum destes routers consegue cobrir a área toda.

Durante 20 anos tivemos um router WL-500P da ASUS com firmware OpenWRT que se comportou muito bem para as necessidades da internet que tínhamos cá em casa, mas hoje em dia começa a ser um drama para os viciados nos telemóveis ter acesso wireless contínuo desde a cozinha à casa de banho.

Como instalei interruptores inteligentes IOT (Internet of Things), além do espaço do Jardim, exigia-se que a cobertura wi-fi fosse expandida para cobrir a rede de Smart Switches pelo que decidi pela aquisição de um novo router.

Hoje em dia adquirir qualquer coisa na internet é uma aventura e muitas vezes corremos riscos de comprar gato por lebre. Entre a CISCO e a UBIQUITI, a escolha recaiu noutro  fabricante que fosse muito mais barato. Quer pelo preço quer pelas especificações prometidas pelo fabricante chines não demorei muito a adquirir um WAVLINK WN570H1 por 40€. Três semanas depois chegou o novo brinquedo e como bom português que sou nem li o manual para instala-lo.

O WAVLINK é alimentado por um cabo UTP PoE (Power over Ethernet), isto é, o cabo de rede fornece energia ao próprio router não sendo necessários cabos adicionais, o que permite colocar o router no exterior até 100 metros do ponto de rede mais próximo.

O fabricante alega que o router emite 30dBm (1000mW) nos 2.4GHz e 17dBm nos 5GHz, que embora não seja estritamente legal é excelente para as necessidades pretendidas.

A primeira deceção foi a página web de configuração do router, que embora simples como eu gosto, era muito lenta a responder e cheia de bugs inexplicáveis, pelo que não demorei muito tempo a decidir substituir o firmware de origem pelo meu conhecido OpenWRT. E a velocidade da página de configuração passou da noite para o dia, mas em contrapartida a potência ficou aquém das especificações. As últimas versões do OpenWRT limitam a potência aos 20dBm (100mw) na banda dos 2.4G e embora alterasse as variáveis UCI o OpenWRT teimosamente voltava a limitar a potencia aos 20dBm. Além de tudo, as antenas também ficavam aquém do ganho prometido e rapidamente perdi a paciência. Voltei a instalar o último firmware do fabricante, escondi o SSID e encriptei as ligações em WPA2 para que espertalhão do vizinho não usurpasse o WIFI cá de casa. E pronto voltou tudo a funcionar como esperado.

A conclusão que chego é que o WAVLINK é um excelente equipamento para quem não quer saber de informática e é verdadeiramente Plug and Play, isto é, o melhor mesmo, é só mudar a password e não se aventurar em mudar mais nada nas configurações e monta-lo como vem de fábrica. Nisto tudo fica por explicar o facto do endereço DNS, mesmo depois de alterado, apontar sempre para o IP 114.114.114.114, ou seja, para a China Telecom, o que me levou a suspeitar que afinal Trump poderia ter alguma razão.

Mesmo correndo o risco de ser espiado por alguém da china, por 40 euros não se pode querer ter o mundo, mas este router resolveu o meu problema dos tímpanos.