A hipocrisia do Natal
Não fosse o Natal uma festa pagã inventada pelos romanos para comemorar a noite mais longa do ano, ou seja, o solstício de inverno que preconizava o renascimento do Sol, todos julgaríamos que estávamos a comemorar o nascimento do Messias. A maioria dos documentos históricos apontam para que Jesus tenha nascido uns meses antes de dezembro, isto é, em setembro ou em outubro. Sem data certa, os líderes da Igreja Cristã de então encontraram no 25 de dezembro uma oportunidade para juntar mais romanos à crença cristã e declararam esse dia como o dia do nascimento de Cristo.
Seja qual tenha sido o motivo, o 25 de dezembro tornou-se uma data de festa de paz e harmonia entre os Homens. Se a data certa do Natal seja duvidosa, a figura do Pai Natal era bem real para qualquer criança, um velho simpático de barba branca que foi alegadamente inventado pela Coca-Cola em 1931 e que os historiadores demostraram que afinal era um tal São Nicolau que a Coca-Cola engordou e vestiu de vermelho.
Mas tudo isto ficou na nossa infância fruto de uma educação cristã que passou de gerações em gerações como factos inegáveis e por isso ainda me lembro do dia mais triste da minha infância foi aquele em que o meu pai me confessou que afinal o Pai Natal não existia e que era ele que me comprava os brinquedos. Lembro-me ainda que era apenas no Natal que comíamos ananás, fiambre e outras coisas boas que o meu pai trazia para casa com o pouco dinheiro que ganhava e que só isso fazia a festa lá em casa.
Hoje, já sem o Pai Natal, vejo o Natal apenas como uma data de festa em que as famílias se reúnem, trocam presentes e esquecem por alguns momentos a dependência do telemóvel.
O bom do Natal é que enquanto devoramos o peru, esquecemo-nos por um dia dos muitos que pelo mundo fora nem comer têm e que possivelmente só voltarão a encher o estomago no próximo Natal.
Um Feliz Natal.