Os Snobs e a Cultura.

Porsche sem nexo
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Em miúdo julgava que os snobs eram pessoas ricas, de sangue azul, e inteligentes. Lembro-me dos que no liceu passavam por mim ignorando-me como se eu fosse carne de porco transparente e que essa atitude fazia bastante mossa nos meus complexos normais da juventude.

Na altura, os mais ricos mantinham-se sempre à parte de todos os outros. Estas figurinhas eram normalmente  filhos de médicos, de professores, e de empresários  e mantinham-se sempre em grupos muito fechados onde se exibiam para as miúdas mais giras do Liceu. Decididamente Deus enganou-se e  separou os ricos dos pobres, e não os inteligentes dos burros.

E por falar em asnos, um dia destes vi um desses  snobs, que já não via desde os meus tempos do Jaime Moniz. Para o meu deleite a figurinha deu-me vontade de rir porque agora sei que não passa de um energúmeno que deve dinheiro a metade do Funchal. O cómico é que, do alto do seu altar, continua a observar do alto sem passar cartão aos outros espécimes que com ele coabitam.

Pobre alminha, com o pescoço esticado, passou por mim rodando a chave do Porsche  no dedo indicador – mostrar as chaves do carro sempre foi um tique dos snobs -e fingindo um semblante sério e inteligente meteu-se no carrito e partiu de acelerador no fundo.

Sorri e dei por mim a imaginar que ele pela sua importância deveria ser uma pessoa possuidora de uma cultura fora de vulgar.  Se calhar gosta de Jazz, de Arte, de Cinema e tem montes de livros numa estante em madeira de nogueira e de certeza que trata por tu Nietzsche, Moebius, Dali, e Bergman.

De repente acordei da minha divagação e questionei-me se um snob como ele consegue peidar-se e arrotar naturalmente como eu.