Sporting

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O meu pai era do Futebol Clube do Porto e o futebol para a minha mãe era apenas uma camada de loucos atrás de uma bola redonda. Tenho 59 anos e ser adepto de uma equipa, que não nos habituou a ganhar,  sabe  melhor quando  ganha. Ao contrário de muitos miúdos, sou do Sporting por opção e por decisão própria e não por influência familiar e foi aos onze anos que optei de livre vontade por ser do Sporting. Passei os anos da minha juventude isolado numa ilha e apenas em adulto é que visitei pela primeira vez Alvalade onde tive a sorte de assistir a alguns jogos no meio da JUVELEO, que diga-se, tinha a claque das miúdas mais giras de Portugal e por isso não foi por acaso que foi lá que conheci a Cristina.

No futebol como na política, é muito fácil ser adepto de equipas habituadas a ganhar como o Porto ou o Benfica mas ser adepto de um clube como o Sporting tornou-se quase masoquismo. Durante anos o Sporting quase ganhava mas morria sempre na praia. Até os nossos adversários fizeram disso anedota e já apelidavam o Sporting de campeão de inverno pois até ao Natal estávamos  à frente mas depois do Peru da Consoada lá caia o Sporting para os lugares modestos. E todos sabemos que o segundo classificado é sempre o primeiro dos últimos.

Gosto de futebol mas conheço os limites da euforia. Não faço do futebol uma guerra de vida ou morte e respeito os adversários. Sou realista e não reconheço que o Sporting de 2021 tenha uma equipa de futebol excecional como a fantástica equipa de 2004 treinada por José Peseiro em que se praticava um futebol bonito e acutilante que acabou em pesadelo na final da Taça EUFA de Alvalade com o CSKA. Final que o Sporting foi derrotado por 1-3 e foi mais um ano de quase glória para esquecer.

Ao contrário da equipa 2004, que era recheada de excelentes jogadores, a de 2020 mostrou que as equipas não se fazem de vedetas mas funcionam num todo e Ruben Amorim veio mostrar que os 10 milhões de euros investidos nele foram bem entregues.

Se a História se repetir  provavelmente não verei o Sporting outra vez campeão mas por tudo isto, e pelo testemunho de vida de 6 Campeonatos Nacionais desde que sou adepto do Sporting,  já valeu a pena viver.

O Renato, irmão da Cristina, que não pôde assistir a esta vitória, já me dizia que um homem muda de camisa, de cuecas, de mulher mas é Sporting para sempre!

Até daqui a 19 anos!