Doce de Jerivá

Doce de Jerivá
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O jerivá (Syagrus romanzoffiana) mais conhecido como “coquinho-de-cachorro”  é um pequeno fruto oriundo de um coqueiro de jardim. Cá em casa temos uma palmeira com mais de quinze metros e todos os anos produz grandes cachos de jerivá. Não fosse a nossa cadela Kira ser uma apreciadora fiel, o fruto passava-nos despercebido. É um fruto pequeno, muito doce, meloso e fibroso com um caroço de grandes dimensões não sendo por isso apelativo ao consumo humano.

Os últimos dias de vento provocaram a queda de centenas jerivás para o jardim que até fazia pena. Contra o desperdício, e a custo, lá consegui convencer a Cristina a tentarmos fazer alguma coisa com os frutos.

Entre produzir licor ou doce elegemos o mais fácil, isto é, o doce. Como é um fruto com um caroço de grandes dimensões optamos por não utilizar a liquidificadora e a opção foi coze-lo inteiro.

Para este doce utilizamos cerca de 40 coquinhos inteiros, 250gr de açúcar, 100gr de coco ralado e 200ml de leite de coco. Para aproveitar o fruto ao máximo optei por cozinha-lo numa panela de pressão. Depois de previamente lavados e inseridos na panela cobertos com água até cinco centímetros acima do nível dos coquinhos. Como era a primeira vez, e dada a textura do fruto, optamos por cozer numa panela de pressão durante 30 minutos.

Quando abrimos a panela o resultado foi desanimador. Em vez de água tínhamos uma massa amarela com uma consistência muito próxima de uma massa de lubrificação e a primeira reação foi deitar tudo no lixo.

Mas depois de alguma discussão decidimos ir em frente. Com um pilão esmagamos ainda mais os frutos e retiramos a polpa com um coador para evitar que o doce ficasse com as fibras do fruto. Depois de retirar os caroços, e para que o resultado não fosse um doce muito espesso, numa outra panela medimos 0.5 litro de suco e igual de água e juntamos o coco.

Misturamos tudo e deixamos ferver durante largos minutos mexendo sempre até começar a ficar em ponto de rebuçado, ou seja, o doce começa a separar-se do fundo abrindo um rasto com a passagem da colher de pau.

Se a consistência foi desanimadora o resultado foi surpreendente. O doce ficou excelente com um cheiro subtil a coco e o gosto fabuloso do jerivá.

Depois de frio foi só experimenta-lo como sobremesa sobre um naco de requeijão, o que lhe dá um contraste prodigioso e de chorar por mais.