Engenharia, política, e banalidades

Engenharia, politica e banalidades
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Um conhecido meu perguntou-me porquê é que escrevo sobre banalidades sem interesse nenhum, e não sobre engenharia, ou mesmo sobre política, por serem temas muito mais interessantes e provavelmente com muito mais leitores.

Escrever sobre engenharia achei interessante, mas sobre política não me motiva mesmo nada porque é do mais fácil e básico que existe. Os Jornais e os Blogues estão cheios de gente idónea que escreve sobre política apenas porque são textos que se vendem por si. Na verdade escrever sobre política basta tomar partido de um lado e dizer mal do outro. E se pensarmos bem, os escritos sobre política servem de escape às multidões descontentes que se reveem nas opiniões de quem escreve por mais evidentes que estas sejam.

Por definição, a política é uma ciência porque tem um objetivo e um método, isto é, o objetivo é a defesa de interesses e o método é a dialética. O problema é que ao longo da História a política foi sucessivamente adulterada e nunca ficou esclarecido de quem são os interesses que a política defende. A grande realidade é que política nunca defendeu os interesses de terceiros mas sim os interesses de quem a usa para proveito próprio, e por isso, hoje escrever sobre política é definitivamente um ato de promoção pessoal.

Pelo contrário, fazer de uma banalidade um texto com piada, é mesuradamente mais difícil porque ninguém quer saber de trivialidades. Como é que se pode escrever sobre o corriqueiro? Sobre um dia que faz sol ou que chove? Ou mesmo uma receita de culinária? O que é que se pode escrever sobre alguém que um dia fez uma sandes de creme nívea e fazer disso um texto com alguma piada?

Não obrigo ninguém a ler o que quer que seja, e escrevo apenas porque isso me faz feliz, e a minha esperança é que isso – quer seja por contágio ou osmose – faça os outros também felizes.

Mas fica registado. Um dia destes vou escrever sobre engenharia, e quem sabe, daqui a uns anos sobre política. E claro, tudo sem nexo.