A IoT aplicada à Ciência

IoT no mercado doméstico
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Sou do tempo em que era preciso se levantar da cadeira para mudar o canal da Televisão, e lembro-me que tinha doze anos quando o meu pai comprou a primeira televisão com controlo remoto de infravermelhos para confortavelmente sentados comandarmos quase tudo  na TV.

Os anos passaram e hoje alguns de nós vivem em casas inteligentes onde os frigorificos, os fogões, o aquecimento, as máquinas de lavar, as cortinas e as televisões têm Wi-Fi e estão ligadas à internet, ou seja, é o cúmulo do comodismo na sua sumptuosidade. A realidade é que tecnologia de hoje permite-nos controlar tudo na casa com a voz ou com um simples telemóvel.

Claro que toda esta tecnologia roça muitas vezes o ridículo, e são muito mais as capacidades que o proveito. Que sentido faz mudar um canal de televisão estando no outro lado do mundo?  Ou acender a luz do WC? Ou ligar uma torradeira?

Eu que sou reconhecidamente tecnodependente estou cada mais convencido que muita desta tecnologia IoT (Internet of Things) doméstica a não passa de uma moda ou mesmo de exibicionismo dos que têm dinheiro para gastar. E se no cenário doméstico toda esta tecnologia seja questionável, a aplicabilidade na Ciência deverá ser uma realidade a muito curto prazo. Cada vez mais vai ser possível utilizar redes de sensores para monitorizar por exemplo grandes espaços florestais e zonas de risco remotas inexpugnáveis.

Uma das características deste tipo de rede é coexistir na mesma tipologia múltiplos tipos de sensores, como por exemplo sensores de CO2, sismógrafos, sensores de temperatura, medidores de vento, e outros tipos de detetores ambientais. A outra característica é serem sensores de longa duração com autonomia suficiente para 10 anos, isto é, na prática o sensor não é instalado para efetuar medições contínuas mas sim para despoletar situações de alarme, ou seja,  os sensores estão em estado de hibernação e só comunicam quando os valores monitorizados ultrapassam um determinado nível.

Claro que no caso particular da monitorização do meio Ambiente, nomeadamente na área dos Riscos é necessário garantir a fiabilidade dos sensores para que todo o sistema funcione. Na engenharia digital utiliza-se protocolos e procedimentos próprios de verificação e o facto de existir uma grande rede de sensores na área a monitorizar atenua o risco porque a nível estatístico a probabilidade de todos os sensores avariarem ao mesmo tempo e no mesmo local é muito reduzida.

Entretanto, e enquanto a IoT não chega à Ciência, divirto-me a mudar remotamente o canal da TV quando a Cristina está a ver televisão em casa.

Aplicabilidade na Deteção de Riscos