CasaBlanca, a Preto e Branco.

CasaBlanca sem nexo
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Nos meus tempos de estudante em Lisboa, era comum juntar cervejas e amigos na Cervejaria Portugália. Com o alongar da noite, e entre mijinhas e canecas, e quando não gozávamos uns dos outros, era normal a conversa inclinar-se para mulheres, sexo e cinema.

“Nove semanas e meia” (Nine 1/2 Weeks) com Kim Basinger e Mikey Rourke foi um dos filmes eróticos que marcou os anos 80, pelo que a conversa centrou-se à volta de qual o melhor filme erótico de sempre.

A maioria concordou que “Noites escaldantes” (Body Heat) do memorável Kasdan com a sensual Kathleen Turner e o surpreendente William Hurt era um dos preferidos, quer pelo erotismo, quer pelo argumento, mas que a cena de sexo em cima da mesa da cozinha a meio das verduras do “Carteiro toca sempre duas vezes” (The Postman Always Rings Twice), com Jack Nicholson e Jessica Lange, era inesquecível.

E no meio do álcool, cometi a asneira de acrescentar que considerava Casablanca um filme erótico. Foi a gargalhada total e um deles, ainda esmorecido de tanto rir, acrescentou que Casablanca nem tinha cenas de nus e era a preto e branco. E a conversa terminou aí.

Para muitos Casablanca é um filme banal de propaganda americana anti-nazi que vale pelas relações entre os dois personagens Rick e Ilsa e a guerra na Europa. No entanto, os diálogos, os silêncios, e a troca de olhares entre Ingrid Bergman -que sempre achei parecida com a minha mãe- e Bogart é de uma sensualidade extrema e nunca vista no cinema.

E é por isso, e apenas por isso, que não é por acaso que Casablanca é ainda considerado o romance da América “As time goes by”.