Os sete pecados mortais
Os sete pecados mortais foram inventados pela Igreja Católica no século dezasseis e definem-se como regras para atitudes e comportamentos humanos contrários às leis de Deus.
Na lista dos sete pecados considerados mortais constam a Gula, a Ganância, a Preguiça, a Inveja, a Raiva, o Orgulho, e a Cobiça. Isto é tudo muito estranho porque, se qualquer um destes pecados fosse mortal, nenhum humano estaria vivo nos dias de hoje.
Para um ateu guloso e convicto como eu, que gosta de comer e não acredita em nada divino, é muito difícil perceber que seja a igreja e definir o que é pecado e o que não é. E o mais curioso disto tudo é que, para a igreja, o assassínio, ou a violação não seja considerado um pecado mortal, mas a gula seja, o que à partida faz de mim um pecador morto.
Mas se na religião e na sociedade os sete pecados mortais estejam bem definidos, na engenharia os sete pecados são algo difuso e ignorado.
O improviso.
O improviso é o primeiro dos pecados mortais da engenharia e é muito comum nos engenheiros portugueses. Para que conste, a ausência de um planeamento e de organização é um dos fatores que dita o insucesso da maioria dos projetos.
A premência.
Em muitos projetos, a pressão na execução obriga a cometer erros fatais, e é muito comum nos projetos públicos, porque se considera mais importante exibir que funcionar.
O dispendioso.
Para muitos gestores um projeto dispendioso é obrigatoriamente um bom projeto quando deveria ser exatamente ao contrário, ou seja, um bom projeto de engenharia deve majorar a relação objetivo/custo ao máximo.
Os inaptos.
É um pecado muito comum que se comete nas equipas que desenvolvem os projetos e que acontece sempre por motivos alheios à evolução dos projetos. É errado inserir recursos humanos sem qualificações ou conhecimentos insuficientes num projeto em execução.
O desvio.
O desvio é outro dos pecados mortais da engenharia. Alterar o objetivo inicial de um projeto, além de perturbar o cronograma, é uma causa comum de dispersão de recursos em tarefas inúteis à sua boa concretização.
A renúncia.
Abdicar de um projeto viável em plena execução é condena-lo prematuramente ao insucesso. Normalmente acontece em projetos complexos em que se subestima o cumprimento dos objetivos reais em detrimento de outros objetivos estranhos.
A ignorância.
É um pecado incompreensível em muitos projetos de engenharia. Desconhecer os meios e os processos necessários para concretização dos objetivos são, na maior parte das vezes, as causas do colapso iminente de qualquer projeto de engenharia.