2001 Odisseia no Cinema

2001 Odisseia no Espaço
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Foi há mais de 40 anos que vi  pela primeira vez “2001 Odisseia no Espaço”. Por incrível que pareça, “2001” foi produzido em 1968, tinha eu 6 anos, e veja-se só, um ano antes do primeiro homem pisar a Lua.

O argumento de “2001” foi extraído do livro “The Sentinel” de Artur C. Clarke, e foi realizado por Stanley Kubrick, o mesmo que uns anos mais tarde produziu e realizou uma outra loucura chamada “Laranja Mecânica”.

Curiosamente só vi o “2001” depois de ter visto “Laranja Mecânica”. Se “Laranja Mecânica” é um filme violento e de loucos, “2001” não lhe fica atrás, não pela violência mas pela insanidade, e é definitivamente um dos filmes mais complexos e impercetíveis que vi até hoje.

O filme começa na Pré-história ao som de “Also Sprach Zarathustra” de Richard Strauss em homenagem aos textos de  Friedrich Nietzsche. E por isso não é por acaso que um grupo de primatas se torna violento a partir do momento, em que ao acordar, dá de caras com um monólito negro em forma de paralelepípedo, que na opinião de muitos, não é nem mais nem menos que  Deus.

Com o aparecimento do monólito, os primatas adquirem inteligência e com ela a violência. E não foi preciso esperar muito para que um elemento de um clã rival fosse assassinado. Perante o cenário da morte, o primata  ganha consciência e atira fora o osso femoral que usou para matar o da sua espécie.

Sem perder tempo,  e ao som de “Danúbio Azul” de Johann Strauss,  o filme salta quatro milhões de anos  para o ano 2001, e o cenário agora é uma Estação Orbital no espaço negro sobre a Terra azul.

À nave chegou um cientista que tem como objetivo investigar o aparecimento de um estranho objeto na Lua com 4 milhões de anos, isto é, sem surpresas o mesmo monólito dos primatas. A diferença é que  agora a tecnologia humana detetou  que o monólito estava a emitir um sinal eletromagnético inteligente na direção de Júpiter.

E não sendo nada estranho em Kubrick, o filme sofre um segundo lapso temporal, e passa logo para uma nave  a caminho de Júpiter levando tripulantes em estado de hibernação. Sem tripulantes a nave é gerida por um supercomputador de nome HAL 9000.

Um pequeno aparte para os que gostam de curiosidades nestas coisas de filmes. Se substituirmos  os caracteres alfabéticos da palavra “HAL”  pelos imediatamente seguintes, surge a palavra “IBM” que na altura era o único fabricante de MainFrames do mundo.  Stanley Kubrick sempre negou esta coincidência afirmando que o acrónimo HAL  significava “Heuristically Programmed Algorithmic Computer”.

Voltando ao filme.  Estranhamente já perto de Júpiter, HAL ganha consciência e começa a simular avarias na nave, e quando descobre que os astronautas o querem desativar, decide adiantar-se e matar todos os tripulantes.

Entretanto um dos astronautas escapa e  consegue desativar o computador. Depois de desligar HAL, o sobrevivente descobre um outro monólito idêntico ao da Lua na órbita de Júpiter, e a partir daí, a história mergulha numa entropia impercetível para a maioria dos que assistiam ao filme.

A meio do caos psicadélico do Espaço e do Tempo, o astronauta revive toda a sua vida, envelhece e morre, e o filme acaba com a imagem de um bebé embrionário a orbitar a  Terra. Um fim inesperado e insensato  que só se torna inteligível depois de se ver o  “2010”.

Resumindo, em 1968, “2001 Odisseia no Espaço” foi um pequeno passo para Stanley Kubrick e um grande passo para o Cinema da Ficção Cientifica.