As mentiras

As mentiras
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Todos os Evangelhos do Novo Testamento relatam que o apóstolo Pedro negou três vezes conhecer Jesus Cristo antes do galo cantar três vezes. Pedro mentiu mas isso não fez dele pecador ou o menos santo dos apóstolos de Cristo.

A mentira faz parte da vida e todos nós pelo menos uma vez na vida já mentimos. Os Padres mentem quando dizem que não mentem, os empresários mentem quando escondem os defeitos dos seus produtos, os empregados mentem quando dizem que trabalham muito, as prostitutas mentem quando falam de amor, e até os nossos filhos mentem.

As famílias mentem porque uma pequena mentira é melhor que uma dura verdade. O meu pai ensinou-me a não mentir mas quando lhe perguntei um dia no Hospital se ele estava a morrer ele disse-me que não, mas todos lá de casa sabíamos que era mentira porque ele não resistia a esboçar um sorriso quando mentia.

Existem mentiras e mentiras, há pequenas mentiras salutares e outras que prejudicam terceiros, e essas são do mais desprezível de que um ser humano é capaz. Não consigo aceitar que alguém use a mentira com a intenção de desgraçar a vida dos outros. Se bem que a mentira seja um modo fácil de alienar problemas, e até é permitido nos Tribunais onde os arguidos têm o direito de mentir sem qualquer consequência legal, mentir intencionalmente no sentido de causar danos a terceiros é um delito imperdoável.

No muito da vida que já vivi, aprendi que a mentira é diretamente proporcional ao sucesso e não é por acaso que muitos casos de sucesso são baseados em cadeias sucessivas de mentiras. Na vida profissional é agora tão normal mentir como falar a verdade e a grande dificuldade do mundo de hoje é conseguir distinguir as verdades das mentiras.

Sempre me considerei uma pessoa que diz sempre aquilo que pensa sem rodeios, mas ultimamente aprendi a me proteger da mentira  pela omissão remetendo-me ao silêncio. Se bem que a omissão possa ser considerado imoral por muitos, a mentira é definitivamente a pior de todas as opções. Mas se mentir uma vez é humano, mentir sistematicamente é considerado patológico. A psiquiatria considera-o um transtorno e catalogou-o como pseudologia ou mitomania e caracteriza-se por uma tendência compulsiva em mentir.

Com tantas mentiras que já ouvi na vida aprendi que quanto mais conheço os Homens mais gosto dos animais.