A Lei do mais forte

Sporting Campeão 1974
116
8

O meu pai era do Futebol Clube do Porto e adepto ferrenho do Clube Desportivo Nacional, e embora normalmente os filhos sejam adeptos dos clubes dos pais, eu sou Sportinguista.

A minha paixão pelo Sporting começou em 1974 ao ouvir um relato na radio onde um jogador argentino chamado  Yazalde deliciava os ouvintes com as suas fintas e golos improváveis. Lembro-me particularmente de um dia em que o Yazalde fintou sete adversários e marcou um golo fabuloso.

Nessa altura tinha 12 anos, e o Sporting de 1974 era a equipa portuguesa que jogava melhor futebol. Nesse ano o Sporting foi campeão de Portugal, e ao título de campeão de 1973/1974, Hector Yazalde juntou a Bola de Ouro com 46 golos em 30 jogos, o que era inimaginável se compararmos com o Eusébio, que foi o primeiro português a conquistar a primeira Bola de Ouro em 1965, com apenas 41 golos em 64 jogos.

E por ser a equipa mais forte de Portugal, a partir desse dia decidi que o Sporting era a minha equipa.

Na política, tal como no futebol, é humano as pessoas aderirem ao partido dos mais fortes. Estar do lado dos mais fortes é mais fácil. Estar do lado dos mais fortes dá-nos uma sensação de segurança e fascínio pelo poder. Estar do lado dos mais fortes, dá-nos ânimo para opinar e para discursar. Estar do lado dos mais fortes dá-nos coragem porque os nossos inimigos são mais fracos e desprotegidos. Estar do lado dos mais fortes fazemos muitos mais amigos. E estar do lado dos mais fortes dá-nos emprego, estabilidade e progressão na carreira.

E o melhor de tudo é que nem precisamos sequer de ser donos de convicções políticas definidas porque, ao contrário do futebol, não é paixão que nos move, mas sim os interesses.

E é por isso que para mim o futebol será sempre mais verdadeiro que a política, porque mesmo a perder há muitos anos, e apenas por amor à camisola, continuarei a ser sempre Sportinguista.

Hector Yazalde Bola de Ouro
Hector Yazalde Bola de Ouro 1974