Eu, a Cristina e os Mosquitos
Se eu um dia escrevesse um livro teria como titulo “Eu, a Cristina e os Mosquitos”.
Aqui no outro dia, ou melhor, numa outra noite, levantei-me para dar a habitual mijinha. A casa é clara e praticamente não precisamos de acender qualquer luz para ir a qualquer sítio. Estava eu na Casa de Banho sonolento a verter águas quando de repente surgiu o familiar som de um mosquito junto ao ouvido. E todos sabemos que primeira reação instintiva é atingirmo-nos com um estalo na própria cara. Despertei logo! Cabrão de merda!
Por momentos o mosquito calou-se, e no silêncio que se seguiu surgiu-me a dúvida se o ranhoso do mosquito podia ser um veículo de propagação do COVID-19. Entrei em pânico. Então era isso, julgava-me eu seguro em quarentena e um ranhoso de um mosquito ia me chupar todo e infetar-me.
Sai da Casa de Banho à pressa e deitei-me, deixando só os olhinhos de fora do édredon. Para que se saiba, a minha guerra com os mosquitos não é nova e já provocou longas discussões matrimoniais cá em casa, porque normalmente acordo toda a gente e ninguém dorme enquanto eu não estripar o mosquito. Ainda não percebi porquê, mas num quarto com cem pessoas sou sempre o escolhido para ser chupado pela mosquita de serviço (sim, as fêmeas é que precisam do nosso sangue para alimentar os ovos).
No escuro, e com a inteligência e paciência humana esperei pelo predador, e sem surpresas uns minutos depois comecei a ouvir o som característico do mosquito junto à orelha. Durante anos desenvolvi uma técnica de exterminar mosquitos na cama. A técnica era deixar apenas uma orelha de fora dos lençóis como isco, e logo que o mosquito ficou ao alcance atingiu-o com violência. Acendi a luz e lá estava ele espalmado na palma da mão. Ri-me vitorioso e fui lavar a mão e a cara.
Os mosquitos não sabem mas a raça humana já vive na Terra há mais de 350 mil anos e não é uma amostra de um mosquito que, lá porque vive na terra há mais de 200 milhões de anos, nos vai exterminar.
Esperemos que sim.
#fuckcovid19