Pretty Baby
A Cristina e eu enfrentamo-nos muitas vezes com opiniões divergentes sobre o mesmo assunto, o que é complicado mas salutar.
Antes de mais, julgo que nem será necessário afirmar que sou quase sempre o vencedor dos duelos matrimoniais – com exceção daqueles que metem sofás, vestidos e cortinas. E porquê? Porque sou intrinsecamente dono dos melhores argumentos, e só digo isto porque sei que a falsa modéstia tira-a do sério.
O tema da pedofilia e do abuso sexual de menores é um tema que nos toca pessoalmente porque durante alguns anos vivemos em Câmara de Lobos e chegamos mesmo a ter conhecimento de alguns casos suspeitos. Na opinião dela a pedofilia devia sempre terminar com a castração química definitiva do predador, mas na minha opinião a questão não era o que nós julgamos mas sim o que as épocas, a história e os tempos julgam, e que pode ter sentenças diferentes dependendo do momento em que ocorreu.
Sim? E que dizer das práticas pedófilas dos romanos? E dos muitos casos documentados da idade média? A meio da discussão, e de repente, lembrei-me dum filme que vi quando tinha 18 anos.
Pretty Baby era um filme de Louis Malle protagonizado por Susan Saradon, Keith Carradine e Brooke Shields. Brooke Shields tinha apenas 11 anos quando protagonizou o Pretty Baby. No filme Brooke Shields era filha de uma prostituta (Susan Saradon) e viviam as duas num bordel em Nova Orleans. Toda a história do filme circula à volta do ambiente de prostituição e promiscuidade em que Violet (Brooke Shields) vivia.
A este ambiente de luxuria juntou-se Keith Carradine, um fotógrafo de 30 anos que se apaixona por Violet. Tudo isto culmina com um leilão sexual em que a virgindade de Violet é leiloada a um asqueroso qualquer no meio de uma orgia, e em que ela acaba nua numa cama à vista de todos.
Em 1978 este filme foi considerado apenas polémico, e passou quase impercetível e intocável em muitas salas de cinema portuguesas.