A minha mãe Alice
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A minha mãe chamava-se Alice.

Desde muito cedo que ela e os cinco irmãos ficaram órfãos da avó Cristina que morreu de bronquite aos 37 anos. Sem ninguém, o meu avô Leopoldino ficou com a árdua tarefa de cuidar dos seis  filhos ainda menores. O meu avô vivia da fazenda e da banana, e com 6 filhos para alimentar a vida não era nada fácil e inclusive a minha mãe chegou a passar fome  e foi obrigada a abandonar a escola ainda muito cedo.

Sem estudos, e ainda muito nova, foi trabalhar num Atelier de Costura da mãe do Gris Teixeira na Rua Ponte São lázaro, onde conheceu o meu Pai que trabalhava na mesma rua numa Seguradora chamada Comércio e Industria.

Foi amor à primeira vista, e contra tudo e todos, apaixonou-se e casou. Dois anos depois nasci eu, mas em consequência do parto, entrou em depressão e começou a ser medicada com PROZAC.

Com o passar do tempo começou a costurar em casa e ensinou o oficio às irmãs mais novas. Aos poucos começou a ter fama pela dedicação e perfeição naquilo que fazia, e por isso não foi nada estranho que nos seus clientes mais frequentes estivesse gente importante.

Ficou famosa pelos inúmeros vestidos de noiva que fez, onde normalmente era eu o escolhido para menino das alianças. Para a memória futura fica registado que o último vestido de noiva que ela fez foi o da Cristina para o meu casamento.

Tinha medo de tudo, de fantasmas, de andar de carro, de andar de avião, mas o pior mesmo era o seu complexo do nariz pois toda a gente dizia que ela tinha narizinho de confiada e isso deixava-a triste.

Muitos anos mais tarde foi-lhe diagnosticado Parkinsonismo, provavelmente causado pelo consumo excessivo de antidepressivos, e após uma queda que lhe provocou hidrocefalia, entrou em estado vegetativo e faleceu.

Mãe, onde quer que estejas, um Feliz dia da Mãe!