Amor Platónico

Paixões Platónicas sem nexo
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A Cristina um dias destes confessou-me que  em adolescente  tinha tido uma paixão platónica pelo cantor Paulo Gonzo, e que o  dia em que descobriu que ele tinha um problema numa das pernas foi a maior desilusão da vida dela, porque, segundo ela, ele deveria ser perfeito.

Todos nós, sem exceção, já julgamos ter tido uma paixão platónica na vida, e repare-se que tomei o cuidado de referir-me a  paixão no singular, porque por definição não é possível ter duas  ou mais paixões platónicas, isto é, por princípio as paixões platónicas são monogâmicas.

E o que é o amor platónico?

Platão nos seus discursos referia-se sempre a um exagerado afeto entre dois dos seus discípulos, Sócrates e Alcibíades. Segundo Platão, supostamente essa paixão não tinha nada a ver com sexo ou homossexualismo, mas sim com uma admiração da inteligência de um pelo outro.

Mais tarde, e já no século XV, outro filósofo, um Padre Católico de nome Marsílio Ficino, chamou à paixão de Sócrates “Amor platonicus”, e com o decorrer dos tempos, o termo banalizou-se e é agora  mal interpretado por todos nós.

Nos dias de hoje, a paixão platónica é erroneamente entendida e como uma paixão anónima não correspondida em que a pessoa amada é sempre perfeita e não tem defeitos.

Mas antes de continuarmos, note-se no pormenor de  Platão referir-se sempre a uma relação biunívoca e não unívoca, ou seja, os dois são perfeitos conhecedores da paixão de um pelo outro, e por isso é errado considerar, que numa paixão platónica, existe um admirado famoso e um admirador desconhecido.

Abreviando, só existe realmente  uma paixão platónica quando esta é do perfeito conhecimento dos dois, o que contraria o que inicialmente todos pensávamos.

Corrigido o conceito, as novas tecnologias levam-nos a todos imperativamente às redes sociais e às páginas do facebook e do Instagram  de figuras publicas que não têm qualquer pudor em expor a sua vida intima para ganhar fama e dinheiro.

Mas agora todos sabemos  que seguir uma figura pública no facebook ou no Instagram não é  motivada por qualquer paixão platónica, mas sim por uma curiosidade mórbida em saber quando é que ela se divorcia, parte uma perna,  ou  fica mais gorda.