Omeletes sem Ovos

Omelete sem ovos e sem nexo
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“Não se pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos” é um famoso provérbio com origem na gastronomia francesa que se tornou banal no nosso dia-a-dia. Nos dias de hoje é comum referir-se aos ovos quando os projetos começam a correr riscos de concretização.

É muito mais fácil ter uma boa ideia e conseguir o seu cofinanciamento da Comunidade Europeia do que ter uma estratégia de prossecução exequível a longo prazo. Digamos que a parte mais fácil de qualquer projeto é investir com o dinheiro dos outros, difícil mesmo, é torna-lo sustentável e mante-lo a funcionar ao longo de anos com um orçamento limitado e já sem o financiamento externo.

Todos aprendemos com os erros, e todos conhecemos exemplos de muitos projetos cofinanciados que, por um ou outro motivo, não passam dos primeiros anos de vida.

Existem um ou dois motivos para que isso aconteça e que podem ser evitados. Um dos motivos é muito comum, e tem a ver com o facto de na sua execução se complicar sucessivamente os objetivos, diluindo o esforço de desenvolvimento por áreas desconexas, ou seja, usa-se muitas vezes o dinheiro para suprimir lacunas  que não têm nada a ver com o objetivo principal do projeto. Trocando em miúdos, em Portugal é uma prática comum financiar-se muitas vezes a sobrevivência duma empresa ou mesmo duma Universidade e não o projeto em si.

Um outro motivo tem a ver com a dispersão da linha orientadora, ou seja, adiciona-se a cada dia que passa, novos componentes que só vão prejudicar o cumprimento dos objetivos. Na realidade são poucos os projetos cofinanciados em Portugal que, por uma qualquer razão, não tenham uma reprogramação financeira e de prazos.

Temos  por isso a noção que o sucesso deste tipo de projetos depende da sua simplicidade de execução e dos seus custos de manutenção. Só é possível garantir custos suportáveis e sustentáveis, se ao longo da execução dos projetos se criarem competências na sua área de intervenção, isto é, equipamentos e recursos humanos qualificados para uma manutenção interna eficiente sem a fatal dependência do outsourcing.

E para terminar, todos nós já percebemos que a maioria dos projetos dependem de ovos, e de alguém que os saiba quebrar, e  que se não formos lestos a cozinhar, os ovos correm o risco de se estragar.