A Lei do Menor Esforço

Os Empresários portugueses sofrem da síndroma da eficácia precoce, isto é, para eles aquele empregado que mostrar mais stress no emprego é a pessoa preferida porque pelo menos mostra interesse. Pelo menos mostra interesse? Que raio de gestão é essa? O interesse é garantia de cumprimento de objetivos?
E é por causa deste tipo de atitudes que existem funcionários que passam décadas como meros executores de tarefas sem acrescentar nada de novo ao modelo de negócio da empresa. Em consequência disso as empresas estagnam e consequentemente morrem porque, a bem da verdade, muitos dos seus empregados são incentivados a passar o dia a produzir e a passear papel sem qualquer valor.
Existem casos documentados de empresas que se recusam a alterar um procedimento interno, justificando-se com a velha máxima que naquilo que funciona não se mexe, ou ainda, que a implementação de rotinas novas pode provocar a eliminação de postos de trabalho ou a necessidade de novas contratações. Ou seja, tudo serve de justificação para não se mudar nada. Mas pior mesmo numa gestão é quando se decide complicar um procedimento que devia ser fácil, com o objetivo claro de criar mais tarefas só para manter os funcionários ocupados. E o resultado é que um procedimento que podia ser feito por apenas uma pessoa, passa a ser feito por três.
Na prática desvia-se recursos do Core Business da empresa apenas para manter ocupados todos os recursos humanos que não têm qualificações, sem sequer pensar em otimizar e ou reduzir tarefas, resultando na maior parte das vezes um cenário de falso aumento de produtividade.
À margem das tarefas de repetibilidade estão normalmente os criativos, e é por isso que não são bem vistos e são muitas vezes apelidados de preguiçosos e, imagine-se até em alguns casos, de baldas, porque com pequenas alterações conseguem produzir o mesmo, ou até mais, com muito menos esforço que os outros. E o grande problema é que alguns Gestores ainda não perceberam que só têm a ganhar com a Lei do Menor Esforço.
O que é melhor para uma empresa? Alguém que trabalhe 1 hora e produza o equivalente a 10, ou aquele funcionário que trabalha 12 horas a consumir oxigénio?
E o que distingue duas empresas iguais, com o mesmo negócio, com os mesmos fornecedores, e os mesmos clientes? Simples! As ideias!
E quanto vale uma ideia nova? Na verdade, uma ideia nova vale zero se não for aplicada, mas também pode ser a diferença entre a sobrevivência e o fim. De qualquer modo a conclusão obvia que se chega é que é sempre melhor ter uma ideia do que não ter nenhuma.
Felizmente nem todos os empresários são iguais e por isso a tendência atual das grandes Softwares Houses é escolherem os tais mais preguiçosos por serem os que irão produzir as melhores ideias para simplificar ao máximo os algoritmos de programação.
Um dos testes da Google para o recrutamento de génios é pedir ao candidato que escreva num quadro uma sequência de programação com um determinado objetivo, e por todos os motivos do mundo, a escolha recai sempre naquele que escreveu menos linhas para fazer a mesma coisa.
E por isso não é de admirar que Bill Gates, um dos empresários mais ricos do mundo, seja o autor da célebre frase “Eu escolho uma pessoa preguiçosa para fazer um trabalho duro. Porque uma pessoa preguiçosa irá encontrar uma forma fácil de o fazer”