As máscaras

Se o uso da burka nos países muçulmanos é considerado sexista, violento, e condenado por muitos de nós do mundo ocidental, as máscaras de proteção do coronavírus começam a tomar contornos de acessórios de moda piores que as burkas. E nem foi preciso sair de casa para ouvir a Cristina afirmar que viu uma máscara para o Covid muito gira por 20€.
E se 20 euros já é um exagero para uma máscara, não é preciso recuar muitos meses para nos lembrarmos de uma jovem empreendedora madeirense que teve a ideia de fazer máscaras em Bordado Madeira a 45 euros.
E por tudo isto não é de admirar ver agora o mercado da moda inundado de máscaras para todos os gostos. E o melhor de tudo, é que para além do design, do padrão, e das cores, ninguém se preocupa com as características e eficácia da proteção das máscaras. Na verdade, a maioria das pessoas nunca ouviu falar na proteção N95 como o nível adequado e certificado para filtrar 95% das partículas maiores que 0,3µm porque o mais importante é que a mascara seja linda de morrer
Que se lixe o vírus, o que interessa é não ser multado ou detido pela polícia e que a máscara fique bem com a roupa e com os sapatos. E por isso não é de admirar que uma empresa europeia esteja a vender máscaras do coronavírus em lingerie, e imagine-se só, a 750 euros.
As máscaras são agora um acessório erótico, e nos dias de hoje, não há nada mais excitante para um casal apaixonado do que numa noite escaldante ela usar aquela máscara vermelha de renda.
E se o coronavírus trouxe-nos o medo de morrer prematuramente, a moda e os exageros das pessoas, mesmo em sítios seguros e isolados, começa a ser hilariante.
A conclusão que se chega é que para cada louco há sempre uma máscara!
