Herrar é Umano!

Errar é humano 100 nexo
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Quem me conhece sabe que sou uma pessoa exigente, e segundo a minha própria família, demasiado exigente.

Mas a exigência comigo próprio é ainda maior. Um dia destes fiquei o dia inteiro mal disposto porque descobri que tinha cometido um erro na dedução de uma fórmula, o que para mim é inaceitável. Nessas alturas ninguém me consegue aturar, e passo o dia a falar sozinho, a me chamar os piores nomes que conheço. E para acalmar o meu ego ferido, tento-me convencer que na verdade só comete erros quem efetivamente trabalha.

Sou dos que pensam que nos devemos esforçar muito pela excelência profissional, e por isso tenho muitas dificuldades em admitir que os que trabalham comigo se enganem. É um defeito? Sim, é!

Mas para mim, pior do que errar, é não admitir o erro. Conheço  muitos profissionais que  arranjam as mais mirabolantes desculpas para fugir às responsabilidades. E a piada é que a  justificação é sempre a mesma. Começam por dizer que foi o colega, e se isso não for aceitável, foi da chuva, ou então do vento, ou que o sol encadeou, ou que  foi do malho. E o curioso nesta velha história do malho é que  a culpa nunca é do malhadeiro.

Também sei de alguém que  quando erra telefona-me logo, e a primeira coisa que me diz,  é que fez uma coisa mal porque o computador enganou-se. Na maior parte das vezes rio-me e respondo-lhe que os computadores não se enganam, mas a piada é que por alguns minutos ele continua a insistir na história que o erro é do computador.

Todos nós erramos, uns mais, outros menos, mas o mais importante de tudo é que se deve aprender com os erros. Pois pior do que cometer um erro, é cometer o mesmo erro duas e três vezes. E o problema é que muitas vezes a maioria dos erros não é por desconhecimento ou défice de formação, mas sim por alguma falta de brio ou concentração naquilo que se está a fazer.

Mas se errar é humano, não errar é desumano!

Do outro lado da barricada estão os que dizem que nunca se enganam. Durante mais de 20 anos conheci profissionais que nunca cometeram um erro que seja, e é verdade, pois a única coisa que fizeram na vida foi gerir a sua carreira imaculada assumindo os sucessos e sacudindo as responsabilidades dos erros sempre para os outros.

E casos destes há em todo o lado. No outro dia, ao entrar na cozinha, dei de caras com  o meu filho  a provar um bocado de Brownie acabado de fazer e perguntei-lhe se estava bom e, a rir, acrescentei  que se o Brownie estivesse bom, tinha sido eu que o tinha feito, se não prestasse, tinha sido a mãe.